A viagem do Gonçalo
sexta-feira, 18 de julho de 2014
segunda-feira, 24 de março de 2014
segunda-feira, 3 de março de 2014
Tão verdade...
Uma amiga minha, enviou me por email este texto, que me pôs a pensar e com o qual me revejo quase na integra:
A mãe precisa de amigos
Por Sofia Anjos
Costumo dizer que a minha vida social não mudou nada com a maternidade. Está
no mesmo sítio. Eu é que não estou lá.
Os amigos são os mesmos, só não os vejo. Estou a pensar espalhar fotografias deles pela casa com o nome escrito atrás pois a minha memória ficou amolgada desde o parto. Sempre que me apetecer, pouso uma moldura no sofá e sento-me a conversar. Assim os amigos já não poderão dizer que não lhes contei isto e aquilo. Quando se cruzarem na rua com alguém com as orelhas muito vermelhas, pode ser que seja um dos meus amigos.
As festas, jantaradas e saídas dos amigos reais continuam de vento em popa, fico a saber de tudo pelo facebook, outro amigo recente mas fiel. Entre uma mamada e um cocó - bonita frase - descubro que a Joana foi para o Brasil, que o Pedrinho mudou de emprego e que o Ricardo ganhou um prémio. A minha vida social nunca foi tão virtualmente intensa como agora. Não sou a rainha da noite, mas sinto-me a rainha da rede.
- Caros amigos: irrita-me solenemente essa aplicação que usam para localizarem onde estão. É que estou-me a marimbar se estão na tasca da esquina ou na rua da Betesga. Porque, eu, estou em casa!
Metade dos amigos das novas mães continuam amigos queridos, mas passam para a lista dos que se telefona no Natal a desejar Boas Festas e a dizer que temos o presente cá em casa. Temos? Os restantes, em particular amigas, esforçam-se por resistir às conversas maternais. É que as amigas solteiras, com quem esvaziávamos as garrafas de vinho e enfiávamos no táxi primeiro que nós, não sabem qual o hipermercado que está com fraldas em promoção. E, para elas, cocó é castanho e ponto final. “Dá para mudar de assunto que me estás a incomodar com essa conversa de merda?”
É inevitável uma recém-mamã falar horas a fio sobre aquilo que a consome num dia que garante ter 36 horas: o seu bebé. “Tãoooo fofinho! Já me morde e tudo…” é a deixa da amiga após ter repetido que o bebé é muito querido, gorducho, coisa boa, macaquinho e esgota os sinónimos para dizer o quanto “O teu bebé está giro, agora vamos lá falar de coisas mais importantes”. E conta tudo sobre o cromo (há sempre um) que conheceu na noite anterior e quer debater, esmifrar, analisar os duplos sentidos das palavras trocadas (todas queremos). Porque o tipo ser cromo é um mal menor. Interessa extrapolar se o cromo com 12 horas de existência pode ou não, quiçá, vir a ser o pai dos filhos da outra. E, se sim, então poderão no futuro ficar horas a falar de bebés, mas não agora!
Há mesmo dois grupos, os que têm filhos e os que não têm filhos. A uns não lhes interessa patavina o que os outros fizeram ontem à noite. E aos outros tanto se lhes dá que se tenham levantado dez vezes durante a noite.
Mas por muito bem intencionada que uma mãe esteja em manter uma conversa adulta com as amigas, esta é interrompida pelo bebé. Ou por pensamentos sobre o bebé, que já devia cortar-lhe as unhas e como raios é possível produzirem tanta cera nos ouvidos. Há uma segunda voz dentro da sua cabeça que lhe desvia a atenção. Não são espíritos nem é a consciência aborrecida. É mesmo alguém que vive lá dentro e que é o Provedor da Maternidade, sempre a aparecer para censurar um momento de prazer. “Ah, ah! Estás a fazer conversa de chacha? Toca a levantar o rabo e ir dar banho ao cão, desculpa, ao bebé!”
Mas não nos deixemos enganar: a vida social parental existe. Apenas mudou de poiso e foi inaugurar com todo o sucesso na sala de estar familiar. É aqui que está toda a adrenalina, diversão, confusão. Brinquedos espalhados pelo chão lembram copos largados no final de noite, desenhos animados em altos berros são a batida sonora mais actual e, para quem é casada, um marido no sofá pode muito bem fazer as vezes de quem bebeu um copito a mais e precisa que lhe chamem um táxi até ao quarto. Quanto à casa de banho, ao fim de semana não tem fila mas está numa lástima.
Em alternativa, sair de casa para uma noite a dois, ou mais, é difícil. As dez primas, oito amigas e duas irmãs são devotas das noites de sábado. Como amiga que sou não posso estragar-lhes essa rambóia. Já as babysitters são caras e toda a gente sabe que rebolam no sofá. Os vizinhos também não são solução pois em Lisboa não se lhes dá confiança. O meu é chef de cozinha e se lhe dou confiança engordo. Fico-me pelo bom dia. “E, se te queixas do choro da miúda, despejo os meus panfletos do Lidl na tua caixa de correio, a ti é que devem dar mesmo jeito”.
Felizmente há vida social na janela da sala. Todos os dias vou lá tomar café, fumar um cigarro, cumprimentar a família de árvores que vive em frente. Fico ali debruçada no parapeito, numa rua onde nada se passa, excepto ontem que dois cães se pegaram e depois foi um "ai Jesus!" para separar as donas que se morderam.
E fico a recordar os primeiros dias após o parto em que registei para cima de uma centena de chamadas não atendidas. Um festim. Depois foram diminuindo até que estive quase a ir enterrar o telemóvel ali acima ao Alto de São João, tal o silêncio fúnebre que se apoderou dele. Talvez porque deixei de atender as chamadas. “Ligo mais tarde!”, “Agora não posso, a miúda está a lamber um sapato!”, “Dá-me um minutinho para tirar os bróculos do lume que já te volto a ligar”, “Querida, assim que a deitar ligo-te e falamos à vontade”.
E por aí fora com quotidianos interrompidos e nunca devolvidos. Mea culpa. Agora, se quero manter a bebé nos braços e as amigas ao ouvido, uso a função alta voz. É que uma das melhores partes da vida está nas amizades. Só não sei se é pedagógico a miúda ouvir certas conversas.
Sofia Anjos, 38 anos, directora de contas numa agência de comunicação, foi mãe pela primeira vez em Maio.
Os amigos são os mesmos, só não os vejo. Estou a pensar espalhar fotografias deles pela casa com o nome escrito atrás pois a minha memória ficou amolgada desde o parto. Sempre que me apetecer, pouso uma moldura no sofá e sento-me a conversar. Assim os amigos já não poderão dizer que não lhes contei isto e aquilo. Quando se cruzarem na rua com alguém com as orelhas muito vermelhas, pode ser que seja um dos meus amigos.
As festas, jantaradas e saídas dos amigos reais continuam de vento em popa, fico a saber de tudo pelo facebook, outro amigo recente mas fiel. Entre uma mamada e um cocó - bonita frase - descubro que a Joana foi para o Brasil, que o Pedrinho mudou de emprego e que o Ricardo ganhou um prémio. A minha vida social nunca foi tão virtualmente intensa como agora. Não sou a rainha da noite, mas sinto-me a rainha da rede.
- Caros amigos: irrita-me solenemente essa aplicação que usam para localizarem onde estão. É que estou-me a marimbar se estão na tasca da esquina ou na rua da Betesga. Porque, eu, estou em casa!
Metade dos amigos das novas mães continuam amigos queridos, mas passam para a lista dos que se telefona no Natal a desejar Boas Festas e a dizer que temos o presente cá em casa. Temos? Os restantes, em particular amigas, esforçam-se por resistir às conversas maternais. É que as amigas solteiras, com quem esvaziávamos as garrafas de vinho e enfiávamos no táxi primeiro que nós, não sabem qual o hipermercado que está com fraldas em promoção. E, para elas, cocó é castanho e ponto final. “Dá para mudar de assunto que me estás a incomodar com essa conversa de merda?”
É inevitável uma recém-mamã falar horas a fio sobre aquilo que a consome num dia que garante ter 36 horas: o seu bebé. “Tãoooo fofinho! Já me morde e tudo…” é a deixa da amiga após ter repetido que o bebé é muito querido, gorducho, coisa boa, macaquinho e esgota os sinónimos para dizer o quanto “O teu bebé está giro, agora vamos lá falar de coisas mais importantes”. E conta tudo sobre o cromo (há sempre um) que conheceu na noite anterior e quer debater, esmifrar, analisar os duplos sentidos das palavras trocadas (todas queremos). Porque o tipo ser cromo é um mal menor. Interessa extrapolar se o cromo com 12 horas de existência pode ou não, quiçá, vir a ser o pai dos filhos da outra. E, se sim, então poderão no futuro ficar horas a falar de bebés, mas não agora!
Há mesmo dois grupos, os que têm filhos e os que não têm filhos. A uns não lhes interessa patavina o que os outros fizeram ontem à noite. E aos outros tanto se lhes dá que se tenham levantado dez vezes durante a noite.
Mas por muito bem intencionada que uma mãe esteja em manter uma conversa adulta com as amigas, esta é interrompida pelo bebé. Ou por pensamentos sobre o bebé, que já devia cortar-lhe as unhas e como raios é possível produzirem tanta cera nos ouvidos. Há uma segunda voz dentro da sua cabeça que lhe desvia a atenção. Não são espíritos nem é a consciência aborrecida. É mesmo alguém que vive lá dentro e que é o Provedor da Maternidade, sempre a aparecer para censurar um momento de prazer. “Ah, ah! Estás a fazer conversa de chacha? Toca a levantar o rabo e ir dar banho ao cão, desculpa, ao bebé!”
Mas não nos deixemos enganar: a vida social parental existe. Apenas mudou de poiso e foi inaugurar com todo o sucesso na sala de estar familiar. É aqui que está toda a adrenalina, diversão, confusão. Brinquedos espalhados pelo chão lembram copos largados no final de noite, desenhos animados em altos berros são a batida sonora mais actual e, para quem é casada, um marido no sofá pode muito bem fazer as vezes de quem bebeu um copito a mais e precisa que lhe chamem um táxi até ao quarto. Quanto à casa de banho, ao fim de semana não tem fila mas está numa lástima.
Em alternativa, sair de casa para uma noite a dois, ou mais, é difícil. As dez primas, oito amigas e duas irmãs são devotas das noites de sábado. Como amiga que sou não posso estragar-lhes essa rambóia. Já as babysitters são caras e toda a gente sabe que rebolam no sofá. Os vizinhos também não são solução pois em Lisboa não se lhes dá confiança. O meu é chef de cozinha e se lhe dou confiança engordo. Fico-me pelo bom dia. “E, se te queixas do choro da miúda, despejo os meus panfletos do Lidl na tua caixa de correio, a ti é que devem dar mesmo jeito”.
Felizmente há vida social na janela da sala. Todos os dias vou lá tomar café, fumar um cigarro, cumprimentar a família de árvores que vive em frente. Fico ali debruçada no parapeito, numa rua onde nada se passa, excepto ontem que dois cães se pegaram e depois foi um "ai Jesus!" para separar as donas que se morderam.
E fico a recordar os primeiros dias após o parto em que registei para cima de uma centena de chamadas não atendidas. Um festim. Depois foram diminuindo até que estive quase a ir enterrar o telemóvel ali acima ao Alto de São João, tal o silêncio fúnebre que se apoderou dele. Talvez porque deixei de atender as chamadas. “Ligo mais tarde!”, “Agora não posso, a miúda está a lamber um sapato!”, “Dá-me um minutinho para tirar os bróculos do lume que já te volto a ligar”, “Querida, assim que a deitar ligo-te e falamos à vontade”.
E por aí fora com quotidianos interrompidos e nunca devolvidos. Mea culpa. Agora, se quero manter a bebé nos braços e as amigas ao ouvido, uso a função alta voz. É que uma das melhores partes da vida está nas amizades. Só não sei se é pedagógico a miúda ouvir certas conversas.
Sofia Anjos, 38 anos, directora de contas numa agência de comunicação, foi mãe pela primeira vez em Maio.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Vida social!
Dezembro e Janeiro são meses para esquecer!
É só festas, comezainas e forrobodó!
Começa nos anos do papá, passando pela casa Natal, Revellion, aniversário do avô, da mamã, do tio e da avó!
Ufa... vida social muito intensa e difícil..... :) :) :)
É só festas, comezainas e forrobodó!
Começa nos anos do papá, passando pela casa Natal, Revellion, aniversário do avô, da mamã, do tio e da avó!
Ufa... vida social muito intensa e difícil..... :) :) :)
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