segunda-feira, 3 de março de 2014

Tão verdade...

Uma amiga minha, enviou me por email este texto, que me pôs a pensar e com o qual me revejo quase na integra:

A mãe precisa de amigos


Costumo dizer que a minha vida social não mudou nada com a maternidade. Está no mesmo sítio. Eu é que não estou lá.
Os amigos são os mesmos, só não os vejo. Estou a pensar espalhar fotografias deles pela casa com o nome escrito atrás pois a minha memória ficou amolgada desde o parto. Sempre que me apetecer, pouso uma moldura no sofá e sento-me a conversar. Assim os amigos já não poderão dizer que não lhes contei isto e aquilo. Quando se cruzarem na rua com alguém com as orelhas muito vermelhas, pode ser que seja um dos meus amigos.
As festas, jantaradas e saídas dos amigos reais continuam de vento em popa, fico a saber de tudo pelo facebook, outro amigo recente mas fiel. Entre uma mamada e um cocó - bonita frase - descubro que a Joana foi para o Brasil, que o Pedrinho mudou de emprego e que o Ricardo ganhou um prémio. A minha vida social nunca foi tão virtualmente intensa como agora. Não sou a rainha da noite, mas sinto-me a rainha da rede. 
- Caros amigos: irrita-me solenemente essa aplicação que usam para localizarem onde estão. É que estou-me a marimbar se estão na tasca da esquina ou na rua da Betesga. Porque, eu, estou em casa! 
Metade dos amigos das novas mães continuam amigos queridos, mas passam para a lista dos que se telefona no Natal a desejar Boas Festas e a dizer que temos o presente cá em casa. Temos? Os restantes, em particular amigas, esforçam-se por resistir às conversas maternais. É que as amigas solteiras, com quem esvaziávamos as garrafas de vinho e enfiávamos no táxi primeiro que nós, não sabem qual o hipermercado que está com fraldas em promoção. E, para elas, cocó é castanho e ponto final. “Dá para mudar de assunto que me estás a incomodar com essa conversa de merda?”
É inevitável uma recém-mamã falar horas a fio sobre aquilo que a consome num dia que garante ter 36 horas: o seu bebé. “Tãoooo fofinho! Já me morde e tudo…” é a deixa da amiga após ter repetido que o bebé é muito querido, gorducho, coisa boa, macaquinho e esgota os sinónimos para dizer o quanto “O teu bebé está giro, agora vamos lá falar de coisas mais importantes”. E conta tudo sobre o cromo (há sempre um) que conheceu na noite anterior e quer debater, esmifrar, analisar os duplos sentidos das palavras trocadas (todas queremos). Porque o tipo ser cromo é um mal menor. Interessa extrapolar se o cromo com 12 horas de existência pode ou não, quiçá, vir a ser o pai dos filhos da outra. E, se sim, então poderão no futuro ficar horas a falar de bebés, mas não agora!
Há mesmo dois grupos, os que têm filhos e os que não têm filhos. A uns não lhes interessa patavina o que os outros fizeram ontem à noite. E aos outros tanto se lhes dá que se tenham levantado dez vezes durante a noite. 
Mas por muito bem intencionada que uma mãe esteja em manter uma conversa adulta com as amigas, esta é interrompida pelo bebé. Ou por pensamentos sobre o bebé, que já devia cortar-lhe as unhas e como raios é possível produzirem tanta cera nos ouvidos. Há uma segunda voz dentro da sua cabeça que lhe desvia a atenção. Não são espíritos nem é a consciência aborrecida. É mesmo alguém que vive lá dentro e que é o Provedor da Maternidade, sempre a aparecer para censurar um momento de prazer. “Ah, ah! Estás a fazer conversa de chacha? Toca a levantar o rabo e ir dar banho ao cão, desculpa, ao bebé!”
Mas não nos deixemos enganar: a vida social parental existe. Apenas mudou de poiso e foi inaugurar com todo o sucesso na sala de estar familiar. É aqui que está toda a adrenalina, diversão, confusão. Brinquedos espalhados pelo chão lembram copos largados no final de noite, desenhos animados em altos berros são a batida sonora mais actual e, para quem é casada, um marido no sofá pode muito bem fazer as vezes de quem bebeu um copito a mais e precisa que lhe chamem um táxi até ao quarto. Quanto à casa de banho, ao fim de semana não tem fila mas está numa lástima.
Em alternativa, sair de casa para uma noite a dois, ou mais, é difícil. As dez primas, oito amigas e duas irmãs são devotas das noites de sábado. Como amiga que sou não posso estragar-lhes essa rambóia. Já as babysitters são caras e toda a gente sabe que rebolam no sofá. Os vizinhos também não são solução pois em Lisboa não se lhes dá confiança. O meu é chef de cozinha e se lhe dou confiança engordo. Fico-me pelo bom dia. “E, se te queixas do choro da miúda, despejo os meus panfletos do Lidl na tua caixa de correio, a ti é que devem dar mesmo jeito”.
Felizmente há vida social na janela da sala. Todos os dias vou lá tomar café, fumar um cigarro, cumprimentar a família de árvores que vive em frente. Fico ali debruçada no parapeito, numa rua onde nada se passa, excepto ontem que dois cães se pegaram e depois foi um "ai Jesus!" para separar as donas que se morderam. 
E fico a recordar os primeiros dias após o parto em que registei para cima de uma centena de chamadas não atendidas. Um festim. Depois foram diminuindo até que estive quase a ir enterrar o telemóvel ali acima ao Alto de São João, tal o silêncio fúnebre que se apoderou dele. Talvez porque deixei de atender as chamadas. “Ligo mais tarde!”, “Agora não posso, a miúda está a lamber um sapato!”, “Dá-me um minutinho para tirar os bróculos do lume que já te volto a ligar”, “Querida, assim que a deitar ligo-te e falamos à vontade”. 
E por aí fora com quotidianos interrompidos e nunca devolvidos. Mea culpa. Agora, se quero manter a bebé nos braços e as amigas ao ouvido, uso a função alta voz. É que uma das melhores partes da vida está nas amizades. Só não sei se é pedagógico a miúda ouvir certas conversas.  

Sofia Anjos, 38 anos, directora de contas numa agência de comunicação, foi mãe pela primeira vez em Maio. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Vida social!

Dezembro e Janeiro são meses para esquecer!
É só festas, comezainas e forrobodó!
Começa nos anos do papá, passando pela casa Natal, Revellion, aniversário do avô, da mamã, do tio e da avó!
Ufa... vida social muito intensa e difícil..... :) :) :)